Poluição do ar na cidade de SP ficou acima do recomendado pela OMS nos últimos 22 anos

Análise mostrou que nenhuma estação de monitoramento da qualidade do ar da cidade atendeu aos limites estabelecidos pela OMS no ano passado com relação aos três tipos de poluentes considerados na análise.

Um estudo divulgado pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema) nesta quinta-feira (26) verificou que a qualidade do ar na cidade de São Paulo ficou acima do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) nos últimos 22 anos. 

A nota técnica mostra que, em alguns pontos da cidade, o nível verificado foi quatro vezes maior do que o indicado pela OMS. 

Além disso, em 2021, nenhuma estação de monitoramento da qualidade do ar da cidade atendeu aos limites estabelecidos pela OMS com relação aos três tipos de poluentes considerados na análise: material particulado (MP2,5 e 10), ozônio (O3) e dióxido de nitrogênio (NO2).

Um estudo divulgado pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema) nesta quinta-feira (26) verificou que a qualidade do ar na cidade de São Paulo ficou acima do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) nos últimos 22 anos. 

A nota técnica mostra que, em alguns pontos da cidade, o nível verificado foi quatro vezes maior do que o indicado pela OMS. 

O material particulado é composto principalmente pela fuligem que sai do escapamento dos veículos. Já o ozônio surge de reações químicas na atmosfera, sobretudo quando os combustíveis encontram a radiação solar, e por isso é mais frequente em dias ensolarados. O dióxido de nitrogênio também é derivado dos combustíveis fósseis, como a gasolina e o diesel que abastecem carros e caminhões. 

A análise do comportamento desses poluentes foi feita a partir de dados do sistema de informação da qualidade do ar da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), o Qualar, processados por meio da Plataforma de Qualidade do Ar do Iema, de 2000 a 2021.

Em nota, a Cetesb informou que o documento da OMS que atualizou as medições é extenso e que está sendo considerado, mas que ele não tem valor legal, é apenas uma recomendação. 

A companhia disse ainda que nem os Estados Unidos adotam totalmente os padrões da OMS hoje em dia, informou que sabe dos problemas da qualidade do ar e que colocou em vigor, em janeiro deste ano, parâmetros mais rigorosos, já considerando o que diz a OMS.

Padrões da OMS

Em 202, a OMS lançou uma nova diretriz de qualidade do ar, reduzindo os valores de concentração de poluentes considerados seguros em relação ao impacto à saúde. A orientação anterior, de 2005, previa limites maiores. 

Segundo o Iema, as diretrizes da OMS não são critérios necessariamente previstos em leis ambientais, mas muitos governos se baseiam nelas para determinar suas metas. 

A situação da cidade de São Paulo é pior em relação aos poluentes ligados aos materiais particulados.

Na análise do MP2,5, cuja recomendação da OMS é para até 5 microgramas por metro cúbico, a capital teve estações com concentração quatro vezes maiores: foi o caso da medição na Marginal Tietê, com 19 microgramas por metro cúbico. 

Mesmo o melhor valor colhido na capital, verificado na estação do Pico do Jaraguá, foi de 11 microgramas por metro cúbico, mais do que o dobro do indicado pela OMS. 

Segundo o gerente de projetos do Iema, David Tsai, é preciso que a capital paulista, e o estado como um todo, adotem os novos padrões preconizados pela OMS nas suas metas de poluição do ar. 

“O objetivo da nossa nota técnica é alertar para a necessidade de redução das emissões de poluentes em São Paulo. Para isso, é preciso reduzir radicalmente a circulação de veículos na cidade, investindo em transporte público e transporte ativo”, disse Tsai.

Em entrevista à TV Globo, o pesquisador listou três medidas urgentes para combater o problema da poluição do ar em SP. 

“Primeiro, a gente precisa tornar a cidade mais igualitária no tocante à distribuição das oportunidades de trabalho e moradia, pra diminuir os deslocamentos. Em segundo lugar, a gente precisa de uma mobilidade urbana que priorize o transporte público coletivo e os modos ativos de deslocamento, como a caminhada e a bicicleta. E, terceiro, é preciso realizar uma transição energética e tecnológica dos veículos também”, explicou.

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